• Porque escrever é um vício.

    Setembro passou e eu nem vi. Agora Outubro termina...

    Talvez fosse pertinente - até necessário para organizar a mente - escrever um pouco mais. Talvez... Houve um tempo em que eu escrevia muito. Não faz muito tempo. Ou faz? Perco-me nas horas, nos dias, nos anos que se somam, acumulam, diminuem meu tempo no mundo - cada momento a mais é um momento a menos...

    * * *

    Estou lendo o livro "A Sombra do Vento", do autor espanhol Carlos Ruiz Zafón. O enredo se divide entre os romances aventureiros de Alexandre Dumas, a novela gótica de Edgar Allan Poe e os folhetins amorosos de Victor Hugo. Ambientado na Barcelona da primeira metade do século XX, debaixo dos últimos raios de luz do modernismo e das trevas do pós-guerra, conta a trajetória de um autor de livros, teoricamente fracassado, com uma história de vida densa e trágica, que se mistura à vida de um menino de 11 anos, cujo destino vai se ligando ao do escritor de um jeito intrigante, como se uma mesma história pudesse ser repetida, em tempos diferentes, com pessoas diferentes, com a mesma intensidade e dor...

    A narrativa fascinante provocou-me pesadelos terríveis com cenas da história, dos cenários (de uma Espanha que não conheço), obrigando-me a ler mais devagar - na verdade, primeiro abandonei o livro por dias, com dúvidas de que viesse a terminá-lo; agora, vou lendo um pouco de cada vez. Virei personagem - a mais trágica, morrendo todas as noites num quarto trancado de uma casa escura...

    * * *

    Não tem jeito: vida que continua. Trabalho, família, amigos, clientes - eu e os outros disputando minha própria atenção. De vez em quando, um insondável medo do futuro. Todos os dias, uma insistente saudade - até do que desconheço (sabe aquilo de antever uma saudade que você ainda vai sentir? É desesperador...). Um segundo após o outro, curiosa ansiedade. Contradição: paz e desatino ocupando o mesmo coração. Minha loucura sempre latente. Sempre o mesmo interior - só a melancolia é mais contida.

    Não tem jeito: a alma não muda - só envelhece...

    4 comentários:

    Camilla Tebet disse...

    A alma não muda, só envelhece.
    É verdade né? Como isso é verdade.
    A gente vai se desfazendo em algumas cem mulheres para viver o dia a dia e a alma continua gritando e nosso tempo não é mais como queríamos e a vida fica assim, um misto de paz e saudade do que nem ainda se conhece.

    Marisa Nascimento disse...

    Oi, Debora! Talvez a alma envelheça mesmo! Mas uma coisa não muda: Eu continuo vindo aqui todos os dias em busca de seus escritos que sempre fizeram a minha alma sorrir...
    Beijo enorme!

    Anônimo disse...

    Ai, essa saudade antecipada, eu sei.
    É desesperado mesmo. Acho que é como alguém desaparecido. Porque smepre pode aparecer ou nunca pode aparecer.
    A dúvida é que nos despsera. Acho...
    Nem sei!
    beijos e saudades

    Anônimo disse...

    ... e a gente cresce sempre, sem saber para onde (Guimarães Rosa).

    ... e sobre a saudade, lembro Camille Claudel "há sempre algo de ausente que me atormenta".

    Não é agosto, mas parece que há gatos negros nos telhados.

    beijos

     

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