Faz muito frio aqui em Sampa - como deve estar sendo para muitos lugares nesse país. É Julho, afinal - e isso significa Inverno para nós.
Não reclamo: eu gosto das estações geladas, dos ventos frios, das temperaturas baixas. Eu gosto do aconchego que provocam.
Mas é certo que, por essas épocas, sou tomada por um tipo de inércia incontrolável: passo a sentir-me recolhida, literalmente. Em casa e dentro de mim.
Meus dias agitados dão lugar a uma calmaria e todos os meus movimentos são mais lentos.
Vai se infiltrando uma necessidade de silêncio e o corpo não responde muito às vontades: fico dividida entre algumas coisas que gostaria de fazer e um empenho que não se concretiza.
Percebo as tardes deslizando para a noite num segundo. Saio à varanda para ver o final do dia e de repente o manto azul marinho o cobre: acendo o abajour da sala e tenho a impressão de que passamos vinte e quatro horas na penumbra.
Agora, uma xícara de chocolate quente me aquece as mãos e o corpo.
Minhas muitas inquietações, no entanto, borbulham na alma: o Inverno, além de tudo, tem a propriedade de nos fazer mais atentos ao interior. Se há vazios, eles se acentuam; se há vozes, elas fazem eco; se há dores, elas reclamam mais.
Muita coisa mora em mim... Estou à espreita das emoções, tentando manipulá-las de forma favorável...
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