Hoje fomos ao cinema ver Doce Lar - Sweet Home Alabama.
Não é uma super-produção nem tem atuações brilhantes: os personagens são bonitos - Jake (Josh Lucas) tem uns olhos azuis des-lum-bran-tes - e a trama é divertida.
Um conto de fadas country define bem.
Mas o que sempre me chama a atenção é o fato das pessoas voltarem pra trás em relacionamentos. A mocinha do filme o faz, em princípio, por um motivo necessário - precisa do divórcio para casar-se novamente.
Mas - e aqui entra um imenso MAS -, reencontrando o ex-marido percebe que bateu a porta sem fechá-la: deixou ali uma brecha aberta, um vão pelo qual seus sentimentos se confundem. Tudo bem: sendo um conto de fadas (e um Jake) nada mais natural que um final feliz.
Só que o filme acaba.
Eu sempre me pergunto diante de algumas situações retratadas na tela, o que efetivamente aconteceria se o enredo se alongasse além do felizes para sempre.
Seis meses depois - só seis meses - quantos casais vivendo um recomeço continuariam juntos? Quantos, depois de um buraco na relação - no caso do filme, precisamente sete anos -, conseguem retomar as emoções e o cotidiano junto a pessoas que, na verdade, não são mais as mesmas que se deixou?
Não consigo me desvencilhar da imagem congelada: é aquela que a memória registrou como idealizada.
Há em nós uma tendência, quando a separação se dá, de tornar o outro um ser perfeito, lembrando apenas dos momentos bons. Ninguém se lembra, quando está sozinho e com aquela sensação de ter perdido o amor da vida, de quantas vezes chorou porque o outro foi grosseiro, reticente, distante - estando ali ao alcance das mãos -, chato, aborrecido, intransigente, genioso... resumindo: insuportável nas mais diversas ocasiões.
Não... A lembrança agarra-se ao seu perfume, à sua voz gentil e delicada - embora, muitas vezes, rara -, às gentilezas - ainda que eventuais -, enfim: à perfeição em forma de gente.
O resultado costuma ser um sofrimento interminável, olhos fechados para o mundo, ninguém à altura daquele que nos abandonou - ou que, por uma insanidade momentânea, abandonamos.
Eu sei porque já fiz esse exercício de auto-destruição - eu também não saí impune.
Só que alguém saberia me explicar, por favor, porque é preciso o fim para que os parceiros - ou pelo menos um deles - se descubram maravilhosas almas gêmeas?
Não é por nada não - e longe de mim desanimar alguém -, mas parece que na vida real o cenário, normalmente, não se encaixa com a mesma facilidade da ficção.
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