• Porque escrever é um vício.

    No centenário de Drummond, minha homenagem:



    "De tudo ficou um pouco.

    Do meu medo. Do teu asco.

    Dos gritos gagos. Da rosa

    ficou um pouco.



    Ficou um pouco de luz

    captada no chapéu.

    Nos olhos do rufião

    de ternura ficou um pouco

    (muito pouco).



    (...) Pois de tudo fica um pouco.

    De teu áspero silêncio

    um pouco ficou, um pouco

    nos muros zangados,

    nas folhas, mudas, que sobem.



    Ficou um pouco de tudo

    no pires de porcelana,

    dragão partido, flor branca,

    ficou um pouco

    de ruga na vossa testa,

    retrato.



    (...) E de tudo fica um pouco.

    Oh abre os vidros de loção

    e abafa

    o insuportável mau cheiro da memória.



    (...) Fica sempre um pouco de tudo.

    Às vezes um botão. Às vezes um rato. (Resíduo)



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