"A perda do pai é a entrada no lugar-comum, é começar a ser igual a todos os que a sofrem, a ter os mesmos medos, as mesmas frases. É voltar a se emocionar com o que se desprezava: datas, pequenas lembranças, objetos, palavras e até com as manias dele que nos irritavam.
A perda do pai é o começo do balanço da própria vida, porque, enquanto vivia, era mais fácil nele descarregar alguns fracassos e culpas.
A perda do pai é o início da significação. As palavras começam a fazer um estranho e novo sentido.
A perda do pai começa a nos ensinar o valor do tempo: o que não fizemos, a visita deixada para depois, o gosto adiado, a advertência desdenhada, o convite abandonado sem resposta, o interesse desinteressado... tudo isso volta, massacrante, cobrando-nos o egoísmo." A Perda do Pai, Artur da Távola.
O texto inteiro, que é belíssimo, está aqui.
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