Antonio Mattos foi a primeira pessoa virtual que conheci.
Na minha busca por sites literários, logo que descobri a Internet, dei de cara com Ausências. Tinha lá um formulário para a gente escrever que só nos identificava se quiséssemos. Por uns meses, receosa dessa 'coisa' desconhecida, eu me limitei a revisar o site - uma ousadia sem limite -, e enviar anonimamente as correções - que eram sempre e apenas de digitação.
Eu era uma mulher muito solitária nessa época, amarga e triste, a vida um tanto estancada entre trabalho e casa, e eu me sentia fazendo algo novo, com a impressão de que ajudava a manter um site organizado - imaginem!, eu que nada entendia de sites ainda! De toda forma, era algo que me distraía, tirando-me do meu foco de melancolia...
Um dia, resolvi que ia falar com quem estava 'do outro lado da linha'. E no meu primeiro e-mail identificado, fui reconhecida como a moça anônima que fazia revisão ortográfica: Mattos guardara minhas mensagens anteriores e comparou-as com aquela última. Foi muito engraçado e curioso perceber como sou transparente e como deve haver em nós um jeito inconfundível e único para escrever - bem como para falar, olhar, rir e tudo o mais (com certeza, é por essa singularidade humana que as pessoas se apaixonam...).
A partir daí, Mattos e eu nos escrevíamos diariamente, um sem número de e-mails trocados sobre tudo e qualquer coisa... Desenvolvemos uma amizade à distância, cúmplice e verdadeira - inclusive por conta de nossas personalidades semelhantes...
Mattos vive em Recife, onde estive há uns quatro anos mas não pude encontrá-lo - nossas férias coincidiram e ele também viajou... Contudo, isso não tem importância: o que nos torna amigos é muito maior do que o encontro físico.
Nos últimos três anos e meio, minha vida deu uma guinada - encontrei o amor e a alegria - e nossa correspondência diária cedeu espaço para uma realidade que, felizmente, consome muito de mim: viver, intensamente, dá trabalho...
No entanto, mais recentemente, esse 'moço' tem andado muito sumido - desapareceu das listas, ficou sem responder e-mails pessoais e já há algum tempo não telefonava. Eu sinto sua falta e comentei com meu marido (que também gosta muito desse 'rapaz') a hipótese de algo ter acontecido - ao que fui recebida com risadas de 'besteira minha'...
Besteira ou não, eu que não sou nada fã de telefone, hoje resolvi checar: meia hora de papo, entre risadas e conversas sérias, dissiparam a saudade e a ausência - e me deram a certeza de que ele está bem... É isso o que importa...
Quantas vezes a gente pensa em alguém de quem gosta muito e, por conta da pressa dos dias e tumultos cotidianos, vai deixando passar a oportunidade de dar um 'oi', uma palavra simples, só pra saber se está tudo ok...
E esquece como faz bem essa troca de energia e carinho - que, afinal, não nos rouba mais que uns minutinhos...
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