• Porque escrever é um vício.

    Não fosse porque a vida é sempre uma surpresa, e os dias poderiam se arrastar em interminável desespero para mim. Não é dizer que me deixo levar por dores e tristezas - pelo contrário, nos últimos tempos ando com minha melancolia sob total controle.

    Mas é que perguntas como 'De onde viemos?', 'O que estamos fazendo aqui?' e Para onde vamos?', vez ou outra me assolam a alma em intensos sobressaltos.

    Fora os pesadelos da noite, esses intrusos, forasteiros do escuro que roubam o sono e me fazem acordar num solavanco de medo.

    Sim: eu tenho medos obscuros, que não dá pra dividir - só pra mim os admito, sob pena de que todos tenham certeza da loucura que me habita. Mas como não ter medo num mundo onde a tragédia nos espreita pelas brechas, pelos cantos, pelos poros?

    Eu sei... Meu marido, que não sabe da metade um terço dessa minha insegurança visceral, e tem uma leveza invejável - considerando tudo sempre muito natural, normal e comum -, ri (de mim, diga-se de passagem) quando me percebe vagamente aflita com o cotidiano absurdo que ronda dias e noites de todo ser que respira.

    Seu riso e sua maneira de explicar que é tudo como é, me dão alguma remota esperança em dias calmos e com contratempos mais razoáveis; mas meu interior vive em turbulenta taquicardia e, qualquer dia desses, é possível que eu morra de um silencioso ataque de nervos - ou de susto.

    4 comentários:

    Anônimo disse...

    O mundo é negro e escuro. Fato.

    Camilla Tebet disse...

    Débora, talvez seja demais eu comentar como me identifiquei com esse texto seu(inclusive a parte do marido). Não o farei.
    Quanto ao fundo negro, é isso mesmo, morro de medo do branco, então me previno, pelo menos onde posso, e coloco o fundo negro.... Entende?
    Escreves muito bem.
    Beijos pra vc

    Anônimo disse...

    Ai querida, não morre não viu?
    As vezes acho que isso é o pior de tudo. As coisas impressionam, detonam, chocam, matam, mas não matam de fato. A vida nos obriga a viver e encará-las..
    Enfim...
    bjs e saudades.

    Mari Monici disse...

    ai que saudade de ler vc...e tinha que vir e achar um espelho? rs
    A presença do companheiro leve que ri do desespero é boa mas as vezes dá agonia, ao menos a mim, pela incompreensão. Mas, se te contasse dos meus dias ia ouvir de você "é assim que é, querida" :)
    beijo

     

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