• Porque escrever é um vício.

    Foi ontem a festa de aniversário da minha sobrinha - o aniversário mesmo é 22 de Dezembro. Eu deveria ter ido para Campinas, mas faltou-me ânimo para pegar estrada.

    À tarde liguei para ela, pouco antes da hora dela ir para o buffet contratado: atendeu ao telefone chorando.

    Letícia é uma criança bonita. Os olhos muito azuis, têm um contorno azul marinho. Os cabelos lourinhos, muito finos. Ela é muito magrinha - parece até pequena para seus oito anos a se completarem no fim do ano. Tem a voz meiga, o sorriso inocente (como sempre é nessa pouca idade), e um jeito delicado e carinhoso.

    E ontem, no fim da tarde, chorava.

    Eu questionei as lágrimas - uma angústia me invadindo. Respondeu que não era nada. Insisti e, à minha pergunta, perguntou: "Você vem?" Eu me arrependi de não ter ido, e numa tentativa inútil pra lhe explicar meus porquês, acabei chorando junto com ela.

    Do outro lado, ela me dizia que não fazia mal: me perdoava e me amava, não tinha muita importância aquela festa.

    Meu marido falou com ela por um instante (ela o adora), pra que eu me acalmasse (Cristo! Não sei o que me deu!), e quando me devolveu o aparelho, para que aquela ligação não ficasse pior, tratei de falar do presente e ela deu uma lista de CD´s - que de Natal vai ganhar do pai (meu irmão) um aparelho de som para o quarto dela, então já quer ter os CD´s que ela gosta, só dela.

    Perguntei como estava vestida e ela narrou uma blusinha branca, saia jeans, sandalinha dourada e a bolsa! - ela adora bolsas, tem uma coleção de todas as cores, modelos e tamanhos.

    Desejei-lhe uma noite linda, disse que a amava, e desliguei - não falo que telefone é um transtorno?!

    Fomos ao shopping, na tentativa de me distrair - realmente, não sei o que houve com minha emoção.

    Agora pouco, falei com minha mãe: ela estava linda, correndo de um lado pra outro - suada e descabelada (vejam só se uma avó fala assim da neta!) -, cheia de amiguinhos, apresentando o namoradinho, feliz.

    Então meu coração ficou em paz.

    Tem horas em que alguma coisa em nós faz tanto barulho que nos deixa surdos: a gente perde o controle do que sente sem saber ao certo o que está sentindo.

    Parece que, em alguns momentos, a gente simplesmente enlouquece...


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