• Porque escrever é um vício.

    No blog dela - que eu conheci hoje - tem uma parte adaptada de uma frase de Clarice Lispector:

    "Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada."

    É uma citação que gosto muito e deparar-me com ela fez-me pensar mais uma vez em seu contexto - com outros olhos.

    Uma verdade inventada. Já pensou no significado disso? É múltiplo, tem infinitas faces...



    Coincidentemente, ontem, durante uma conversa, eu esbocei um sentimento em voz alta com essas palavras: Então, posso inventar agora uma verdade! Eu estava um pouco aborrecida - muito aborrecida, pra ser mais exata.

    Mais tarde, sozinha, descobri que a frase é bonita, mas não, eu não quero uma verdade inventada: quero viver o que faz sentido, sem me esconder com máscaras, penugens, peles por cima da casca. Eu não preciso disso.

    Uma verdade inventada é aquilo que você conta tantas vezes pra si mesmo - e depois para os outros -, que, de repente, não sabe mais se aconteceu de fato, se reflete sua expressão, se tirou de um livro ou se foi alguém que lhe contou e você vestiu como seu.

    É uma existência paralela - como olhar algo acontecendo ao seu lado, com você, sem que você efetivamente faça parte do cenário.

    Não, nada disso me parece viável...

    Eu tenho um amigo, Antonio Mattos, que costuma dizer que eu escrevo com a mesma sombra e melancolia que Lispector. Eu me sinto lisonjeada - embora saiba que não tenho tanto talento.

    De toda forma, hoje vou ter que discordar dele: Clarice não reflete o que mora em mim nessa impressão. A frase sempre será bela, mas em se tratando de vida, eu quero - falar e ouvir - todas as verdades do mundo - menos as inventadas...




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