• Porque escrever é um vício.

    Tem um ditado antigo que diz que para se conhecer bem uma pessoa, é necessário comer junto a ela um quilo de sal.

    Pode parecer uma grande bobagem - e até surreal - mas fato é que, pessoalmente, tenho assistido experiências que comprovam esse recado sutil da intimidade.

    Você sabe quanto dura um quilo de sal? Meses - para alguns, é possível que mais de um ano.

    Ao longo de um quilo de sal passam alegrias, tristezas, contratempos e contradições. Amanhece e anoitece um sem número de dias e noites com suas surpresas e rotinas. O inexplicável, o incomprensível, o passageiro. Os questionamentos e as muitas respostas. E é debaixo de um quilo de sal que a gente decide se quer permanecer...

    Bem: isso é válido mais para as relações a dois, os pares-cúmplices, os amantes cotidianos. Ou seja, para aqueles que não têm onde se esconder um do outro...



    Junto aos amigos é mais difícil comer um quilo de sal. A convivência se dá num nível diferente - aquele dos encontros espaçados, os almoços e jantares, os cinemas, o telefone e, num tempo maior, as viagens de férias ou finais de semana. Mas nada pode ser comparado com habitar sob o mesmo teto.

    Daí, como desvendar e reconhecer os que hão de permanecer?

    Já tive - como todos - muitas decepções amigáveis.

    Não é raro o engano: vivemos tão esperançosos pela verdade, que ao mais breve sinal de simpatia pregamos uma tarja de confiança.

    E não é raro também o desencanto, o susto, a sensação de perda quando os véus caem. Isso diminui com a maturidade, quando já aprendemos que o brilho dos olhos traem e que nem todo sorriso é cordial.



    Então, de toda forma, andei pensando que talvez devessemos adotar a medida de um quilo de sal também para esse tipo de relacionamento e, quem sabe, teríamos menos desapontamentos antes de saber o quase tudo da vida...




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