• Porque escrever é um vício.

    Tenho duas amigas que estão com problemas no casamento. Ambas estão, quando os entraves tomaram proporções com as quais não sabem mais lidar, em depressão.

    Ambas casaram-se no calor do entusiasmo.



    Há quinze anos eu também cometi esse erro.

    Saindo da adolescência e entrando no primeiro ano de faculdade, eu namorava um homem que me amava mais do que eu a ele. Meu primeiro marido era de família muito rica e o amor dele mais o dinheiro tornavam a vida perfeita. Eu era muito jovem, de família de classe média, iludi-me.

    Não demorei muito para descobrir que casamento é um contrato de risco que está fadado ao fracasso se, especialmente, não houver amor - muito amor, o mais amor.

    A tragédia - ou o destino - quis que ele abandonasse essa vida um ano e meio depois. Entretanto, eu sei que se isso não tivesse acontecido, a separação teria sido inevitável.

    Demorei dez anos para me casar de novo. Nesse intervalo, tive dois namorados - de três e dois anos - e passei os outros cinco, intermediários, sozinha. Entre um e outro, eu desejei ardentemente um filho - que, por inexplicáveis razões, nunca me veio.

    E quando eu já havia me convencido de que o amor era só cenário de novela e tema para cinema, tropecei nele. Mas não o reconheci imediatamente.

    Meu atual marido vinha de dois casamentos e muito desencanto. Vinha de sete anos de solidão junto a um sem número de mulheres que iam e vinham e não permaneciam.

    Nenhum de nós dois estava pensando em ficar na vida um do outro: não mais acreditávamos que relações podiam dar certo. E quem sabe se exatamente por isso, por essa completa despreocupação com nada, fizemos morada um no outro.

    Isso eu chamo de sorte. Um privilégio ímpar. Uma dádiva dos deuses.

    Mas nem todos ganham esse presente.

    A maioria se rende ao entusiasmo - como eu fiz lá atrás -, e quando ele acaba, não sabe o que fazer consigo mesmo.

    E essa é uma das tristezas da vida...




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