Hoje (agora já é ontem) eu assisti pelo canal Multishow o show ao vivo de Elton John em São Paulo. Eu gostaria de ter ido ver, ao vivo mesmo, na Arena Anhembi, porque foi de uma beleza indescritível - duas horas e meia de puro deleite musical...
Então eu me dei conta de que sinto falta de algo que, até os meus trinta anos, era imprescindível para a minha vida: dançar. Desde muito pequena eu descobri o prazer da dança e pelo menos uma vez por semana (na adolescência muito mais nas aulas do colégio!), dançava a noite toda.
É curioso... Você se casa e a vida toma um rumo que até mesmo você desconhece. Há que se tomar cuidado para, numa hora dessas, olhar no espelho e não saber de quem é o reflexo. Você simplesmente deixa de fazer algumas coisas que te dão enorme prazer - e na maior parte do tempo, não percebe nem sente falta.
Os seus fins de semana se transformam em total dedicação à família, e o que você faz por si mesmo é dar-se umas parcas horas numa pizzaria com amigos, onde você ri, até se diverte, mas não se dá conta de que ainda é pouco ante tudo que você já viveu nos seus antigos fins de semana.
Será que a gente envelhece antes da hora quando se casa? Porque será que abandonamos pequenas coisas que nos eram tão caras - como dançar sempre foi pra mim, por exemplo?
Então, porque meu marido tem assuntos a resolver durante a madrugada e eu estava sozinha - depois da pizza com amigos -, pude beber uma taça de vinho e dançar na sala da minha casa, livre como se estivesse numa boate. E chorar ao som de 'Candle in the wind', porque mais do que lembrar da princesa Lady Di - que é para quem a música foi feita -, eu me lembrei do meu pai - e quando a gente está sozinha pode, além de dançar, chorar sem dar explicações...
Então novamente me dou conta de que, às vezes, o casamento é um lugar muito solitário - todo mundo que é casado sabe, não há novidade nessa afirmação. É só que a cada vez que a gente constata, parece uma informação nova.
E quando você se pega assim, muito leve, dançando em frente à TV à despeito dos seus 40 anos (supreendentemente com a mesma mobilidade), da sua hérnia de disco (que você nem percebe - afinal encontrou algo que pode fazer sem doer!), você se dá conta mais ainda de como um casamento pode ser solitário... E de quantas coisas você abdica em pró dessa solidão que é tão velada, porque todo mundo olha pra você e o seu marido, vocês dois lindos e sorridentes, e não adivinha que ambos podem chorar isoladamente, sem o outro saber, sem nem que o outro imagine...
De vez em quando a vida nos surpreende assim - e a gente fica em dúvida de que isso seja bom, porque questionar-se muito pode ser fatal em algumas circunstâncias.
Mas agora a madrugada vai subindo, venta delicadamente, uma noite pálida e quieta. Elton John me embalou e, depois de um banho, vou dormir com sua imagem - e com a minha, envolvida em pura e deliciosa liberdade...
4 comentários:
É verdade... =)
Quem casa, questiona as vantagens.
E quem ainda não casou, não vê a hora de experimentar, né?
Vai entender! rsrsrs
Beijo grande,
Caty =*
Que bom ver esse espaço que gosto tanto atualizado!
Débora, passei por essas mesmas constatações que você há pouco tempo... Também pareceu uma informação nova, apesar do casamento já ser o terceiro... rs Mas, sabe, é possível erguer uma ponte onde ficou esse vazio. E mais... quando estamos bem, ficar sozinha, numa noite quieta de vento e Elton Johm como trilha sonora, não é solidão, é sossego! =) Beijos!
É verdade querida.
Acho que o trabalho mais árduo do casamento, é manter-se - incansavelmente - consciente e alerta para quem se é, de fato.
beijos.
Débora, menina, te acompanho tem é tempo! rsrsrs Em 2002 comecei a blogar e escrevia o Epifanias, que depois virou Um ano e 11 dias, que virou De Onde vem a Calma... Até que parei e desencanei de escrever... Esse ano retornei e fui procurar os blogueiros que gostava, vc, a Angel do Literatus, a Analu do Lemniscata... Talvez vc até se lembre de mim! =) Beijos e vou estar sempre por aqui!
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