Da Loucura Inocente.
Lá na Crônica do Dia - de hoje.
A curiosidade desse texto é que ele foi escrito há quase onze anos - em Julho de 97.
Eu ainda morava lá, onde ainda vive a minha mãe e meu irmão mais jovem, na casa que foi do meu pai, dentro do condomínio que abriga a casa na colina - um hospício antigo, hoje modernizado, cuja casa permanece a mesma: branca e com imenso jardim. Lotearam a parte de baixo justamente para custear o local - que pertence à Prefeitura de Campinas e sobrevive à custa de doações e manobras administrativas como essa.
Alguns dos que a habitam - digamos, os menos perturbados e não perigosos à sociedade - têm permissão para cruzar a pequena ponte e passear pelo condomínio. Na calçada da casa do meu pai - a última casa de uma das ruas sem saída -, ele gravou no cimento nosso sobrenome: Família Böttcher.
Na entrada principal há uma porta janela, que dá pra garagem, onde estava (ainda está) instalada a sala de TV. Normalmente, essa porta ficava aberta. Pois foi numa tarde de domingo que, sem que ninguém ouvisse qualquer ruído - e nem os cachorros latiram! -, uma moça abriu os portões, seguiu pela garagem e parou na porta - para nosso espanto e susto.
Ela sorriu. Minha mãe se levantou e perguntou se ela estava perdida. Ela disse que não. Explicou então que caminhara até ali para ver a casa - que parecia um castelo (meu pai tinha inclinação a estilos mediterrâneos). E ela queria conhecer a Família Böttcher...
Sim... A loucura tem curiosos momentos de sanidade - e profunda paz...
1 comentários:
Debora, lindo o seu texto e, como toda literatura de boa qualidade, é atemporal. Curioso mesmo é que também a sanidade tem seus momentos de loucura e de silêncio introspectivo...
Beijo grande
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