Aconteceu na segunda-feira no subsolo de um estacionamento na Av. Paulista: um carro desgovernado, em alta velocidade, invadindo a área de pedrestres, subindo uma escada de aço prensando duas pessoas. Você consegue imaginar o surrealismo disso?
Pois é: aconteceu - matou um jovem de 23 anos e feriu sua prima, de 19.
Eu cheguei pouco depois do acidente ao local, onde participaria de uma feira. E o susto imperava no ar, a distribuir um pálido estarrecimento entre os presentes - ainda na esperança de que o rapaz sobrevivesse.
Então, mais uma vez, eu andei pensando sobre a Morte. Sei que pode soar macabro, mas, como se vê, é uma realidade cotidiana. Todos nós estamos à mercê dela: podemos sair e nunca mais voltar; dormir e não mais amanhecer.
Pior que isso é imaginar que a Morte se esconde, principalmente, no inesperado de algo como isso que descrevi. Naquilo que não faz sentido, no que não tem como explicar - nem entender -, no que, muitas vezes, sequer dá pra acreditar ser possível.
Temos medo de falar da Morte, não? Nossa ausência de palavras delata a perplexidade e a angústia de nos constatarmos tão vulneráveis, e a gente mal consegue se expressar ante o impacto da notícia.
Eu passei uma semana em contradição - meio anestesiada dentro de um ambiente tão turvo (a feira continuou, afinal), e extremamente alerta com tanto trabalho e coisas a providenciar.
Ficou um silêncio ensurdecedor na minha mente. E uma dor no peito - que ainda parece que vai me matar.
E sim: agora chove, faz frio lá fora. E também aqui dentro - de mim...
4 comentários:
Que ainda sentes! que bom, para tantos o que é notícia para vc é chuva e frio ai dentro. Não podemos mesmo perder essa noção, essa dor do outro.
estou te favoritando. Virei sempre a um blog humano como o seu.
Camilla Tebet
www.essepapo.nafoto.net
É, Débora...
A vida é esse fiozinho tão tênue e tão "nossa" sem ser, não é?
E a morte, essa companheira indesejada, mas que faz questão de aparecer e mostrar que tem domínio sobre o que há de mais valioso para nós e para aqueles que amamos.
beijo enorme, linda!
Tem um post pra vc lá no Lemniscata.
bjks!
Esses silencios barulhentos que mexem com a balança de dentro... tenho andado assim... texto tocante, como sempre... beijo grande!
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