• Porque escrever é um vício.

    Às vezes, a gente fica muito sensível e não sabe bem porque. Chora por nada e fica tão cheia de tudo que parece oca. Tem a sensação de que as coisas estão fora de eixo mas quando olha ao redor, entende que nada saiu do lugar: tudo está do mesmo jeito, só a gente que se moveu. Ou paralisou.

    De vez em quando, eu me sinto muito pequena.

    Eu estava lendo essa moça há pouco e ela fala de tanta coisa que eu também sinto! - de outra maneira, em situações diferentes, mas a mesma emoção.

    Eu sempre digo que todas as histórias de amor são iguais, mas deve ser porque, com uma breve retocagem dos cenários e nos rostos dos protagonistas, o script é o mesmo, o texto tem a mesma voz e a sequência das cenas, com raras variações, é idêntica pra todo mundo: encontrar-se, apaixonar-se, sonhar; e quando a gente pensa que tudo são flores, desce o segundo ato: desencantar-se, tentar salvar-se, cair - porque a gente não tem onde se segurar. E então, recomeçar - naquele palco ou em outro: o verbo é o mesmo.



    Eu não assisto novelas como a maioria das pessoas - sou muito dispersa pra seguir qualquer coisa à risca. Mas eu costumo ver, se as chamadas me roubam a atenção por um instante, os primeiros capítulos, eventuais enredos do meio e a última semana - isso acontece também porque quando as tramas começam a ficar muito enroladas e os personagens a se intrigar, um certo asco me toma.

    Mas eu vi o último capítulo de Desejos de Mulher - que acabou há uns quinze dias. Acho que o autor se perdeu no meio - como sempre acontece -, pois os caminhos para os desfechos foram impensáveis e quase ridículos. Mas novela é isso mesmo e não é sobre ela que eu quero falar, mas sobre um discurso do José Wilker: ele dizia que quando algo muito bom acontece na nossa vida, quando um sonho dá certo depois de tantas voltas e sofrimentos, a gente logo pensa que aquilo é coisa de filme e novela.

    E ele tem razão.

    A questão é que algumas vidas - e a minha é uma dessas - parecem muito com um conjunto de incidentes que alguém inventou. E, de vez em quando, eu penso que a atriz principal não cabe no papel que lhe foi dado: ela merecia mesmo estar nas páginas dos Contos de Fadas...




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