• Porque escrever é um vício.

    A casa, depois de muito papo e riso, é silêncio: aquela quietude que indica que a vida está em paz, no fluxo, sem conflitos. Amanhã - agora já é hoje -, outro dos filhos vem jantar - esse com a nora.

    É sempre assim: nossa casa tem uma aura de aconchego e amor, que atrai ao convívio e ao compartilhar. E se por aqui atravessam eventuais tempestades, é porque esse é o contratempo de respirar num mundo onde o revés impera. Fato é que já aprendemos a lidar com os vulcões e se em algumas ocasiões os ânimos se aquecem em demasia, há que se fazer silêncio: daquele outro tipo, quando a ausência de barulho é imprescindível para que se enxergue - e retome - o caminho do meio.

    Ela escreveu sobre discutir a relação. Eu não entendi muito bem se era algo concreto ou só uma divagação.

    De toda forma, é verdade: casamento tem disso. Mas eu confesso que resisto ao tema. Sou aquela que adia conversas muito sérias, acreditando no milagre cotidiano de ajeitar tudo com sua mão delicada.

    Nem sempre fui assim, no entanto. É só que, com o tempo, fui percebendo que esse negócio de falar muito sobre uma questão não dá resultado real. A gente se apega ao que passou e é uma grande besteira: passou, tá passado, não tem como mudar, e acho que se foi ruim, fica muito claro que repetições não são bem-vindas - pra nenhum dos envolvidos. Desnecessário daí, bater na tecla incansavelmente, sofrer à exaustão, ruminar, encher o próprio saco (e o do outro).

    Acho que o segredo é cuidar para que os aborrecimentos não se ampliem e não criar um baú de ossos: é falar sobre o que impactou na hora e exterminar a raiz.

    E que discutir a relação seja só uma expressão - cabível, se for o caso, para a relação dos outros...




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