Eu estive em Sousas, visitando minha família. Esse é um lugar muito antigo, um sub-distrito de Campinas.
É também um lugar que, mesmo com os avanços - inclusive da violência - consegue inspirar um tipo de paz difícil de descrever.
Tem um silêncio que nenhum outro canto tem: vem do ar parado - embora uma brisa fresca cisque por perto -, daquela quietude que só a natureza é capaz de produzir. É um lugarejo que mais parece um vale.
A tecnologia briga com a antiguidade: padarias sofisticadas ao lado de farmácias que conservam o 'PH' no letreiro; livraria Nobel e Blockbuster de frente para o cemitério; supermercados elitizados com mercearias da década de 30; danceterias e bares modernos brigando com os tradicionais botequins; mini-shoppings afrontando lojinhas antigas; a igreja da praça espantada com a catedral mórmon de mármore e cristal: tudo é uma grande contradição.
Caminhando por lá, ao me debruçar na ponte de madeira sobre o rio (Atibaia), pensei que a única real preocupação do vice-prefeito deve ser a guerra entre alguns moradores que solicitam, com urgência, um semáforo. Detalhe: só há uma rua principal, com dois cruzamentos.
Na frente da casa da minha mãe - que é a última de uma rua sem saída num condomínio -, a gente senta no gramado e ouve o vento.
À frente, de repente, percebe folhinhas andando: pacientes e vagarosas, as formigas fazem seu ninho, numa fila interminável e tão disciplinada que rouba um sorriso. Tráfego mesmo é esse - e pelos gramados, nenhuma necessidade de indicações.
O surrealismo dos detalhes mora lá, numa tranquilidade que chega a causar ansiedade para nós, acostumados à pressa e à urgência, num mundo tão barulhento que chega a ensurdecer.
É um bom lugar para fugir... É um lugar para pausas...
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