• Porque escrever é um vício.

    Essa semana, uma moça muito querida pra mim disse que gostaria de ter a cabeça de hoje e a aliança, com o mesmo nome grafado em seu interior, na mão direita.

    Ela tem um ou dois anos mais que eu e é casada, creio, há bem mais tempo.

    Eu fiquei pensando sobre isso - embora a ela nada tenha dito.

    Não é raro querermos mudar o agora em alguns pontos. Acho que acontece mais à medida que vamos envelhecendo: ficamos desejando unir passado e presente num só, recortando aqui e ali, aparando as pontas, redobrando os cantos, pra fazer um futuro perfeito.

    Nem sempre é possível, a gente descobre.

    Mudança tem efeito dominó: a gente mexe nos vãos e todas as pedras despencam no tabuleiro. E reconstruir exige um trabalho de mestre - coisa que, paradoxalmente, com a idade, a gente vai repensando em fazer.

    Começar de novo é bonito de dizer e dá um ar de juventude, mas sabe-se, intimamente, que não é bem assim... É muito cansativo erguer um novo cenário, quando já se viveu um tanto e teve que recomeçar em outras ocasiões - algo que todo mundo já fez pelo menos duas vezes na vida, seja por conta de desvios profissionais ou amorosos. A vida se parte mais do que a gente gostaria...

    E como já disse alguém - acho que foi Pablo Neruda -, quando a gente desvenda o segredo de tudo, descobre que está um pouco tarde para modificar um tanto de coisas que ficou pra trás.

    Deve ser por isso que muitos acreditam em diversas vidas. É, de certa forma, um consolo pensar que, de algum jeito, se tem uma outra chance pra fazer tudo diferente, mesmo que não se saiba bem ao certo o que nem de que maneira...




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