• Porque escrever é um vício.

    Então ela está questionando: E você já pensou no que seria capaz de fazer por amor?!

    É uma pergunta de sentido duplo - talvez múltiplo.

    Sempre acreditei no amor e nunca duvidei que tal sentimento fosse a força mais poderosa do mundo. Mas todos nós passamos por fases de desencanto, quando olha para tudo sem muito brilho e sem saber ao certo o que, de fato, vale a pena.

    Tem sempre um momento em que as certezas - se não todas, muitas -, parecem ruir - ou ficam meio sem fundamento (ainda que momentâneamente).

    Mas aquilo a que chamamos "Amor" permanece igualmente forte...

    Acontece que cada nova perda soma outros valores aos que já temos e um pouco de tudo o que acreditamos sempre morre ou, sem extremismos, fica num canto afastado dentro de nós.

    Daí que se na adolescência, quando se ainda tem muitos sonhos e não se angariou nenhuma real decepção, eu pensava que faria qualquer coisa por amor, hoje sei que não é mais assim.

    Dou por amor o melhor de mim, mas se não for suficiente, vou lamentar profundamente, só que não vou mais dar além do que posso.

    Aprendi que tem que haver uma linha de limites em relação ao outro porque, infelizmente, a doação completa e irrestrita não é, como eu supus equivocadamente tempos atrás, garantia de felicidade aos parceiros - simplesmente porque cada um tem na alma um tipo de necessidade que, muitas vezes, por mais que o outro se esforce, não pode alimentar. O resultado é frustração dos dois lados - já que ambos têm uma visão diferente da mesma situação.

    Assim, por exemplo, eu perdoaria uma traição se isso não me violasse, se eu me sentisse capaz de não guardar ressentimentos suficientes que me levassem, lá adiante, a fazer cobranças por conta desse episódio.

    Dizer que a gente faz qualquer coisa por amor me soa muito perigoso.

    Porque - e eu espero que isso não soe de um egoísmo exacerbado - qualquer coisa se deve fazer por amor a si mesmo, para que movimentos em função do amor sejam feitos de forma limpa, dentro das demarcações que não extrapolem nossas extensões definidas para suportar dores e mágoas...




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