Ele falou sobre as impressões virtuais que se desenha sobre o que se lê.
É curioso: a gente escreve para muitos ou para si mesmo, numa tentativa de esvaziar e aliviar sentimentos e angústias? É uma questão razoável...
Eu participo de algumas listas - intercâmbios que já foram o ponto mais alto da internet. Atualmente, parece que saltamos delas para esse espaço pessoal: outro tipo de troca se faz aqui, é verdade, mas talvez isso seja o mais fascinante: a despreocupação com o pensamento alheio, embora ele não deixe de ser importante.
Nas listas, tem-se que pensar, ao escrever, se sua fala não atinge ninguém - tem sempre alguém que acha que a gente está se dirigindo exclusivamente a ele -, além de uma certa coerência - não se pode estar abordando sobre qualquer coisa, têm-se que pensar se aquele tema vai dar gancho para outras respostas.
Nos blogs, como nos caderninhos da adolescência, a liberdade individual impera.
Eu escrevo do que sinto. Com um certo cuidado pra não expor coisas muito pessoais, eu falo pelas entrelinhas. Quem me conhece pessoalmente e sabe de alguns - senão de todos - os meus dramas, lê minha verdade onde ela não se revela e é cúmplice no segredo.
Acho que todo mundo é um pouco assim, e bom mesmo é que não há especulação sobre o que não se entende: de certa forma, há uma estranha cumplicidade até de quem não compartilha do que realmente está por trás do que lê. Há um respeito mútuo - que ninguém impôs, mas todo mundo aderiu. Fazemos um círculo em nossos limites e abrimos brecha para que conheçam o que resta fora dele.
Acho que essa é a maior razão pela qual as pessoas criaram esse diário aberto: a ausência de ter que explicar mais do que deseja.
E cada um inventa a impressão virtual do outro que julga mais adequada...
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