• Porque escrever é um vício.

    Olhando a rua da varanda, vi a tarde morrer envolvida num sol fraco e no vento gelado. O céu estava escuro, carregado de cinza. Anoiteceu mais cedo...

    Característica própria do Outono, desperta, em mim, uma nostalgia - aquela saudade que a gente não sabe explicar se é do passado ou do futuro.



    Precisei, hoje, ficar um pouco só.

    Precisei sair, respirar de solidão na madrugada sutilmente fria. Precisei da escuridão e do silêncio das ruas sem trânsito: ouvir música muito alto e dirigir sem rumo.

    Confesso que senti um pouco de falta de quando vivia por minha conta e risco. Morar sozinha, como tudo, tem das suas vantagens - e desvantagens, claro.

    Uma coisa boa é que se angaria um tipo de liberdade atemporal: qualquer hora é sua e não é necessário obedecer nenhum critério cronológico.

    Eu tinha um amigo especial para quem podia ligar no meio da noite e encontrar num café pra jogar conversa fora. Uma vez - uma não, várias -, viemos a São Paulo - eu vivia em Campinas -, só pra isso: tomar um café, comer um doce, num lugar diferente do habitual, em ruas com outras luzes. 100 km por um café. A vida é feita de pequenos prazeres...

    Aqui, não tenho ninguém a quem possa telefonar e já não tenho notícias desse amigo. Quando eu me mudei para cá, acabei perdendo o contato. Provavelmente, ele deve ter se casado com uma moça que tinha muito ciúmes de nós - compreensivelmente por um lado, mas completamente sem fundamento por outro. Difícil explicar amizades entre sexos opostos...



    A vida a dois tem suas contradições.

    De vez em quando, fugir faz-se necessário - até pra gente ter certeza de que ficar é uma escolha...




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