A despeito da minha felicidade desmedida - que causa espanto em muita gente que me escreve -, vou surpreender: essa semana fiquei com vontade de desaparecer.
É isso: fiquei triste. De uma tristeza incompreensível e sem razão. Que chegou de repente, no primeiro dia do ano, no fim da tarde, e se alojou: quis fazer morada, quis retomar seu posto, quis me ancorar nas suas amarras e me deixou silenciosa e vazia, pelos cantos da casa, sem pronunciar palavra, sem esboçar atitude, sem entender nada...
Nos olhos, certamente, um pedido mudo de "por favor, não questione!", foi amorosamente atendido pelo meu marido: nenhuma pergunta me foi feita - quem sabe se o que se lia na minha transparência, respondia qualquer interrogação.
Hoje, olhei ao redor e percebi tudo meio fora de centro, as plantas secas, as cãs desamparadas - reflexo claro do abandono ao qual me entreguei.
Vi que era urgente socorrer - e socorrer-me -, e voltar à vida. Obriguei-me a deixar de lado o que estava me andando ao encalço - ainda que eu não tenha certeza do que era - e devolvi a rotina ao seu lugar. Aceitei um convite para ir à piscina e nadei muito - quem sabe despejando nas águas a amargura estranha que me abateu. Ri e sorri: o homem que amo - e que me ama - merece minha alegria.
E vou retomando-me - que, de vez em quando, também desço aos infernos e me perco por abismos...
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