• Porque escrever é um vício.

    Presença de Anita: segundas impressões...

    Acompanho, com um interesse curioso, os últimos movimentos da minissérie.

    Na apresentação do elenco, há uma observação que só percebi hoje: "Adaptado livremente do romance de Mário Donato". Esse detalhe muda tudo - já que não há o compromisso de seguir à risca o texto original. E, pelo que entendi, foi apenas uma adaptação, diferindo, em muito, do que resenhas publicaram sobre o enredo - que o assemelhava, inclusive, à obra de Shakespeare. Não há, neste drama, um pacto de morte por amor; há o desencadear de uma fatalidade.

    Eu ainda estou propensa a ler o livro - e aí terei impressões mais concretas para dividir -, mas quero compartilhar um pouco mais das minhas percepções sobre o que a tela está nos oferecendo.

    Nos capítulos dessa semana, creio que ainda surpreende - a pessoas como eu -, as maldosas atitudes da 'lolita': o afrontar a metade traída, com arrogância e mentiras, sem qualquer escrúpulo. Eu posso até compreender que casos extraconjugais façam parte, infelizmente, das crises entre parceiros, mas ainda me choca a ausência de respeito com a dor alheia, que na sua insensatez - que, nessa situação, vem da parte vencedora (pelo menos temporariamente) -, angaria um tanto mais de mágoas completamente desnecessárias, num episódio que, por si só, já causa bastante estrago.

    Não me causa espanto, no entanto, o desfecho de morte da amante: sendo uma relação fincada em objetivos duplos, com sentimentos oscilantes e sem nenhuma base verdadeira que os sustente, a passionalidade do gesto soa até previsível.

    Aliás, esse é um contexto interessante a se considerar... Não sou estudiosa do assunto, mas penso que muitos crimes passionais têm sua raiz numa "loucura momentânea", acontecendo no segundo rápido entre a contradição do ódio e da indiferença, misturado a uma ilusão do amor - que vem, consequentemente, carregada de outras disposições afetivas negativas, como o ciúme, o rancor, o ego ferido...

    A alma humana tem um canto para as incompreensões, aquilo que nem ela mesma é capaz de explicar ou entender... A tragédia mora nesse sótão que, se aberto, mostra faces e sombras indecifráveis e perigosas...




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